Custo Brasil reflete as dificuldades que capitais estrangeiros identificam no mercado local. Reformas da Previdência e tributária são esperadas pelo mercado internacional
Qual o custo para investir no Brasil? Não há uma cifra definida, mas existem diversos fatores que podem potencializar ou não a decisão de alocar capital estrangeiro em solo brasileiro. Especialistas apontam um mercado consumidor com capacidade de atrair os mais diversos segmentos, mas destacam também que é necessário estar mais atualizado ao resto do mundo. Leis, exigências burocráticas, impostos, infraestrutura logística que ainda deixa muito a desejar. Tudo isso funciona como uma grande barreira à geração de grandes negócios no País.
O momento da macroeconomia nacional é delicado. Há uma espera ansiosa pela reforma da Previdência, que promete, mesmo que a longo prazo, devolver ao Brasil a capacidade de investir em infraestrutura, o que ajuda a torná-lo mais confiável aos olhos internacionais. Enquanto isso, o mercado está parado.
“Estamos em stand by até que as reformas aconteçam. As empresas esperam com muita ansiedade mudanças na Previdência, a regulamentação de alguns pontos da reforma trabalhista e também a reforma tributária”, avalia o professor do Departamento de Teoria Econômica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Joseph Barroso.
Equilibrar os riscos e a rentabilidade é o grande desafio de qualquer investimento de capital. Nesse cálculo entram inúmeras questões. A principal delas é a que incide sobre os impostos. O Brasil é conhecido por ter uma carga tributária densa, complicada, cara e que demanda muitos gastos.
“Uma empresa que atua no País inteiro precisa fazer um levantamento minucioso de tributação, porque tem imposto com alíquotas diferentes a depender do estado. Para não entrar em sonegação fiscal, a empresa é obrigada a ter um setor só para isso, o que custa caro”, explica o professor.
A reforma tributária, aguardada para 2020, após a previdenciária, tem a missão de reduzir a complexidade dos impostos. Mas, dificilmente, diminuirá os valores cobrados. Isso porque o País não está em situação de perder receita. Se a infraestrutura já é considerada inferior às necessidades mercadológicas, se houver menos dinheiro público para aplicar na modernização de portos, rodovias e aeroportos, haverá ainda menos interesse de investimento estrangeiro no Brasil.
“No agro business, que é onde temos vantagens, precisamos ter uma logística melhor. E um fator fixo é a necessidade de rodovias com maior qualidade. E tem os portos, que acabam não conseguindo atender dentro das condições de crescimento”, afirma o economista Alcântara Macedo. “Quem quiser comprar uma empresa hoje, vai pagar mais barato do que ela vale. E isso é válido, desde que as reformas sejam feitas”, observa.
A burocracia também está entre os principais fatores negativos em relação à atração de grandes investimentos. Para o secretário do Desenvolvimento Econômico e de Trabalho do Ceará, Maia Júnior, o excesso de exigência documental acaba sendo uma forma de “desconfiança” entre poder público e privado. “A desconfiança é recíproca. A cultura do poder público é reativa a quem produza no Brasil e isso, muitas vezes, acontece por desconhecimento”, analisa.
O presidente do Conselho de Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Rômulo Soares, destaca ainda a falta de conhecimentos de algumas empresas sobre a cultura local de fazer negócios. “Vários empresários estrangeiros têm dificuldades em entender a forma de contratar mão de obra, pagar impostos ou lidar com alguns procedimentos que são diferentes dos que eles estão acostumados em seus países”, detalha. Por isso, conforme ele, é importante que o Brasil adote regras reconhecidas internacionalmente.
Fonte: O Povo
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