Em março, dos R$ 237,4 bilhões movimentados via Pix, apenas R$ 21,5 milhões envolveram transações P2B (pessoas para empresas)
Muito utilizado entre pessoas físicas, o uso do Pix, ferramenta de transferências e pagamentos instantâneos desenvolvida pelo Banco Central (BC), vem crescendo também entre as varejistas, especialmente no e-commerce.
Quase um terço dos negócios virtuais (32,2%) já oferece essa opção aos clientes, de acordo com um levantamento da GMattos, consultoria de e-commerce e meios de pagamento.
Com pouco mais de seis meses de funcionamento, a nova ferramenta já conta com 6 milhões de empresas cadastradas, de acordo com o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central, João Manoel Pinho de Mello.
Em uma coletiva recente sobre o assunto, o diretor do BC disse acreditar que a oferta de novas funcionalidades deve fomentar novas adesões ao formato. Ele citou que, enquanto grandes redes do varejo adequaram seus sistemas para operar com o meio de pagamentos instantâneo e já usufruem dele, pequenos e médios negócios ainda estudam como implementar a melhoria.
Ainda durante a apresentação, Pinho de Mello divulgou que essas novidades serão incorporadas gradualmente, a partir do terceiro trimestre deste ano, quando prestadores de serviços e o comércio varejista terão acesso, por exemplo, ao Pix saque e Pix troco, que permitirão a retirada de dinheiro em estabelecimentos comerciais.
Recentemente, o Pix Cobrança passou a permitir a geração de faturas com data de vencimento para pagamentos por meio de um QR Code que possibilita o cálculo automático de multas, juros ou até desconto por pagamento antecipado.
O que mais deve entrar no ar até 2022:
- Pix offline: será possível fazer pagamentos mesmo sem acesso à internet, seja pelo usuário, seja pelo estabelecimento comercial.
- Pix garantido: parcelamento de compras assegurado pelos bancos que oferecerem essa opção a seus clientes.
- Pix devolução: será possível retroceder em operações irregulares, como fraudes.
- Pix internacional: permitirá pagamentos ou remessas para outros países.
FUNCIONALIDADES EM PRÁTICA
Para a analista do Sebrae Cristina Araújo, as facilidades prometidas pelo Banco Central desde novembro do último ano se tornarão uma realidade ao se confirmar, na prática, por meio da sua usabilidade.
Vantagens como a disponibilidade por 24h por dia, a velocidade das transações, a conveniência para pagamento, seja por QR Code ou Chave Pix, ao final do dia, no fechamento do caixa, contribuem para que o empreendedor tenha condições de tomar decisões mais assertivas para o negócio, na opinião de Cristina.
Para a analista do Sebrae, a agenda evolutiva do Pix prevista para este ano traz boas perspectivas para uma adesão ainda adesão das MPE. Ela destaca a possibilidade de saque e troco em estabelecimentos comerciais, a realização de operação sem necessidade de internet (offline), pagamento por aproximação, disponibilidade de mecanismo especial de devolução para casos de suspeitas de fraudes e falhas operacionais.
Entretanto, ela aponta que o Pix ainda tem pouca representatividade no universo de formas de pagamento nas lojas. Ainda assim, acredita no potencial de crescimento nesta modalidade de pagamento também para substituir boa parte dos pagamentos que hoje são realizados com dinheiro e cartão de débito.
Em março, por exemplo, dos R$ 237,4 bilhões movimentados via Pix, apenas R$ 21,5 milhões (9,06%) envolveram transações P2B (pessoas para empresas). Ou seja, o grosso ainda é entre pessoas: R$ 101,8 bilhões, seguido por entre empresas, R$ 85,7 bilhões.
Outra pesquisa sobre tecnologia bancária feita pela Febraban em parceria com a Deloitte mostra que as transações financeiras feitas pelo sistema do Banco Central já representam 30% do total de operações feitas por pessoas físicas e jurídicas, desde o lançamento do Pix.
Segundo a entidade, que representa os bancos brasileiros, em novembro de 2020, o Pix representava 7% de todas as transações. Já em maio deste ano, foram 613,8 milhões de operações, um aumento de 22,8% em relação a abril.
Vantagem em relação ao débito: Na opinião de Bruno Berezaga, partner manager Brasil da Shopify, o Pix resolve uma série de desafios para quem é lojista. "Obviamente, há a vantagem de atender o público sem cartão de crédito, e o mais importante, como lojista, preciso oferecer a maior variedade de pagamentos possível. Mesmo com um público-alvo muito bem definido, o perfil do consumidor é muito diverso e as preferências por meio de pagamentos variam", diz.
Ainda assim, o avanço do Pix no varejo é considerado lento entre os varejistas. De acordo com Tom Canabarro, CEO da Konduto, empresa especializada em sistemas de segurança digital, dificuldades de adaptação de sistemas de gestão financeira, além de dúvidas quanto à escrituração contábil e conciliação dos pagamentos vêm limitando essa substituição.
“Leva um tempo para que haja sistemas de conciliação entre pagamentos e recebimentos, mas o baixo custo e a possibilidade de uso de informações embutidas no sistema, conhecidas como metadados, ampliam o potencial do Pix”, disse Canabarro.
Fonte: Diário do Comércio, por Mariana Missiaggia.
Comments