O planejamento estratégico para o ano de 2024 precisa levar em conta os possíveis cenários e suas consequências e impactos diretos e indiretos.
O ano de 2024 será um grande desafio para a economia no Brasil. A necessidade de equacionar a questão fiscal se mantém como uma preocupação constante e um esforço contínuo por parte do Ministério da Fazenda. Aparentemente, o esforço deve continuar apenas no lado da receita, pois não há movimentação política para redução de despesas por parte do Governo, o que torna a meta de zerar o déficit ainda mais difícil. A Reforma Tributária, aprovada, trará profundas modificações na estrutura produtiva brasileira, e continuará sendo tema de inúmeras discussões ao longo de 2024. O ano será menos intenso em termos de aprovações de medidas menos populares, pois será ano de eleição municipal, trazendo pouco interesse de congressistas e governo em discutir temas delicados.
Com os juros continuamente caindo aqui no Brasil e lá nos EUA, o crédito deve ser impulsionado, impactando diversos setores da economia brasileira, como os da construção civil, linha branca, automobilístico, impulsionando o consumo e os investimentos, que tiveram forte queda em 2023. Com uma perspectiva de queda nos juros nos EUA, a possibilidade de maior redução dos juros aqui no Brasil se intensifica, já que os investidores internacionais poderão migrar para os mercados emergentes, em busca de maiores retornos. O câmbio, consequentemente, deve sofrer poucas alterações, pois a queda nos juros do Brasil será acompanhada de uma queda nos juros americanos.
O comércio exterior deve continuar se beneficiando do ótimo desempenho que o agronegócio vem apresentando nas últimas décadas, com ganhos expressivos de competitividade. Há, porém, preocupações com os efeitos climáticos do El Niño em 2023, que pode reduzir a quantidade produzida, impactando as exportações em volume, em 2024. A preocupação também se repete com relação ao preço das commodities. A China, principal importador das commodities brasileiras, tem divulgado dados contraditórios em relação ao seu desempenho de crescimento, o que pode trazer impacto nas exportações brasileiras.
O Brasil optou por fazer parte da OPEP+ a partir de janeiro de 2024 e isso pode trazer consequências nas exportações brasileiras de petróleo, caso resolva aderir aos frequentes cortes de produção anunciados pelos membros. O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia parece não ter horizonte de curto prazo para uma definição que possa dar acesso aos mercados europeus. A Argentina, nosso terceiro maior parceiro comercial, deverá passar por um processo doloroso de ajuste fiscal e econômico já anunciado pelo novo Governo ao longo de 2024 que poderá afetar o comércio com o Brasil, mas com perspectivas positivas para os anos seguintes.
O ano que entra traz todas essas movimentações político-econômicas fazendo com que precisemos acompanhar de perto cada um desses desdobramentos e suas consequências, pois trazem impactos significativos nos seus custos, compromissos e resultados das empresas e para os consumidores. O planejamento estratégico para o ano de 2024 precisa levar em conta os possíveis cenários e suas consequências e impactos diretos e indiretos.
Fonte: Diário de Pernambuco, por Ecio Costa.
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